A Organização Social da Comunidade...
As organizações sociais se apresentam na sociedade nos mais diversos tipos de formatos, de arranjos e de tamanhos.Elas se constituem de acordo com as práticas e as necessidades da região em que estão inseridas, estabelecendo conexões com a sociedade mais ampla e, assim, favorecendo o desenvolvimento social.A característica fundamental de uma organização social é a interlocução entre a população e os saberes, sejam aqueles oriundos das práticas acumuladas nas experiências cotidianas, sejam aqueles possibilitados pela pesquisa cientifica.No campo da ecologia, essas organizações contribuem para a disseminação de práticas estratégicas para o avanço da qualidade de vida no meio rural e urbano, em harmonia com a natureza, assim como oferecem assistência e intercâmbios dentro das redes ecológicas distribuídas pelo território.A maneira como uma organização social se autodetermina varia de acordo com as formas de constituição disponíveis no seu contexto cultural e em relação ao seu grau de legitimidade perante a sociedade em que está inserida.Assim, temos organizações que se apresentam como, Instituto, Coletivo, Associação, Cooperativa, ONG, Órgão Público, Centro Educacional (escolas, oficinas), Centro Espiritual (igrejas, templos), Centro Cultural e Centro Comunitário.Nesses espaços, as atividades sociais são desempenhadas dentro do seu escopo de atuação na sociedade. Nesse âmbito de variedades, os centros educacionais e institutos estão mais ligados aos aspectos científicos, enquanto os centros espirituais se vinculam com as questões metafísicas, sem, contudo, perderem seu caráter complementar de componentes sociais e culturais da vida humana.Já as cooperativas, ONGs e órgãos públicos se caracterizam pela estrutura de caráter mais burocrático e administrativo na sociedade, enquanto os coletivos e as associações costumam ser formas um pouco menos institucionalizadas de organização social.Nas atuais experiências das práticas agroecológicas observa-se, com mais frequência, diferenciadas organizações sociais: famílias, vizinhos, igreja, cooperativas e associações, sendo que muitas dessas organizações são assessoradas por órgãos públicos e/ou ONGs.Em geral, os modos de organização e a escolha dos grupos, vinculam-se ao tipo de identificação que se estabelecem entre eles, sendo que essa dinâmica dá visibilidade à elaboração de uma consciência de pertencimento, fazendo com que a agroecologia seja muito mais que uma prática de agricultura que não utiliza fertilizantes químicos e agrotóxicos, mas uma ideia social praticada nos diferentes nichos da sociedade.A associação de agricultores possibilita a troca de experiências e conhecimento, além do desenvolvimento do espírito de coletividade e de solidariedade, elementos fundamentais no incentivo para melhorar a produção e a qualidade da vida e do trabalho no campo.É possível observar também que a pratica agroecológica desenvolvida em redes trouxe aos trabalhadores rurais uma nova consciência de sua fundamental importância, como indivíduo e como grupo, para a melhoria da condição alimentar da sociedade.Assim, o desenvolvimento de atividades sociais compartilhadas entre os agentes rurais ecológicos produz uma consciência muito mais ampla perante a sociedade, ao se comunicarem e se reconhecerem por suas práticas. Dessa maneira, essas práticas coletivas de trabalho e de negócios possibilitam a afirmação da validade social e econômica da agroecologia.Destaca-se que um dos pilares importantes de muitas das organizações sociais é a educação, presente em variadas práticas educativas ou até mesmo nas escolas locais, em convênio com universidades ou decorrentes de políticas públicas municipais.As atividades educativas desenvolvidas buscam a democratização tanto dos saberes e das experiências acumuladas pelos coletivos, como dos conhecimentos acadêmicos, numa permanente troca. Isso envolve interação entre pessoas e grupos, e aprendizagem conjunta de uma pluralidade de conhecimentos.As ações educativas possuem grande relevância para a sociedade, uma vez que atuam como orientadores do processo de formação das pessoas, introduzindo aspectos da tradição, do conhecimento e da projeção de mundo desejada.Observa-se que as próprias organizações sociais possuem uma dimensão pedagógica, para além das iniciativas de promover cursos, palestras e seminários, no intuito de formar os/as agricultores/as.As práticas de cooperação, por meio do trabalho conjunto, favorecem a vivência da cidadania, ao possibilitar a consciência da necessidade da presença de políticas públicas comprometidas com os trabalhadores do campo, com a produção de alimentos saudáveis e sua comercialização.Dessa maneira, a forma como uma organização estabelece suas relações com a população influencia diretamente o modo de vida praticado em sociedade.No campo da tecnologia e das inovações da Web3, surge o conceito de Organização Autônoma Descentralizada (DAO), como uma nova forma de organização social, integrada às ferramentas da tecnologia computacional.Esse novo tipo de organização estabelece novas dinâmicas de interação na sociedade, uma vez que passa a utilizar os recursos de tecnologia como ferramentas de gestão.Nesse sentido, uma DAO também se caracteriza pelo seu fator de descentralização comunitária, permitindo maior participação dos agentes sociais, uma vez que a tecnologia é desenvolvida como ferramenta em favor do desenvolvimento socioambiental da comunidade, com objetivos intencionais e verificáveis.As DAOs utilizam dos avanços da programação digital para criar estruturas de governança e de administração financeira, permitindo uma infinidade criativa de processos para se construir dentro da comunidade.No campo da ecologia, as DAOs de Impacto têm ganhado notoriedade com suas estruturas de inovação, integrando modelos de desenvolvimento e permitindo que agentes ecológicos no campo possam receber recompensas financeiras pelas suas atividades, distribuindo, assim, os fundos dos regimes ambientais internacionais.Esse novo modelo de gestão favorece a inclusão de pequenos produtores ecológicos, que podem ter sua participação socioambiental diretamente reconhecida pelas pessoas de qualquer parte do mundo.Assim, as organizações sociais se estabelecem como formas de configuração e inserção dos mais diversos grupos na sociedade em que vivem.Ao longo do desenvolvimento das civilizações, as maneiras de agrupamento vão se transformando, na medida em que outras formas de interação surgem e novos processos de adaptação e de construção social são estabelecidos.No campo ecológico, as práticas permeiam os mais diversos nichos da sociedade e, cada vez mais, novas ferramentas e recursos têm sido utilizados para a construção do movimento socioambiental em favor de melhoria das qualidades de vida, em harmonia com a natureza.Essa construção e esse desenvolvimento permanente são os fatores que produzem as sinergias fundamentais dos organismos sociais, uma vez que seus membros vão se adaptando e aprendendo a utilizar novas ferramentas na busca de conquistar seus objetivos como organização coletiva.