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URUCUMACUÃ BY H.H.ENTRINGER PEREIRA LIVRO 3 CAPITULO 62
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A GAIOLA Chegar com sua nova corte ao Reinado da Madeira foi umas das grandes alegrias que a Imperatriz Gônia compartilhou com o Imperador Médium, ainda que o motivo principal da viagem também lhes causasse mais preocupações que simplesmente deleite. O Palácio da Madeira, uma portentosa construção de pedras e madeira, rústico, mas luxuosamente confortável, não tinha o mesmo esplendor que o Palácio Fortaleza, no entanto seus bem cuidados jardins, artisticamente projetados, só rivalizavam com os do Palácio das Esmeraldas, cultivados com muito zelo pela própria soberana Rara, Rainha Alzira. Bem em frente ao palácio, um canteiro de rosadas flores exóticas, muito exuberantes, parecendo de porcelana, chamou atenção do Imperador Médium, que ainda não as conhecia. Encantado com sua beleza, perguntou à Imperatriz Gônia: — Que maravilhosas. Como se chamam? — Não têm nome ainda. Nasceram aqui desde que sepultamos o meu pavão cor-de-rosa e branco neste local. Para mim vão sempre lembrar meu pavão encantado. Dê-lhes o nome que quiser... — De agora em diante, serão conhecidas como Bastão do Imperador (Etlingera elater ), em minha homenagem! – disse, gracejando. A Imperatriz sorriu e concordou: — Assim seja! Reencontrando nobres amigos, vassalos e serviçais do Palácio da Madeira, atualizaram-se das notícias com os minuciosos relatórios sobre os acontecimentos desde a viagem da Rainha Gônia para o Reinado do Elo Dourado quando da celebração de suas núpcias. A Imperatriz e o Imperador, recebidos com honrarias e festas, sentiram a ausência do Arauto Real, o Senhor Gaio, que não veio saudá-los em cumprimento ao protocolo da recepção do casal imperial. Cumpridas as formalidades da chegada, logo a Imperatriz perguntou onde se encontrava o Senhor Gaio, considerado por ela seu segundo pai, a quem carinhosamente tratava de Papai Gaio, um nobre e honrado cortesão, arauto real do Palácio da Madeira desde tempos imemoriais. Senhor Gaio desfrutava de grande notoriedade. Informado e bem-falante, era quem se incumbia de levar à Rainha Gônia todas as novidades do reinado, além de dedicar-lhe especial apreço e paternal afeição, merecendo dela, em contrapartida, consideração e devotamento de filha. — Como está o meu Papai Gaio? – perguntou a sua afetuosa ama, Senhora Grã Dona. — Em situação bem delicada, Senhora. Assim que a Imperatriz viajou, entristeceu-se, calou-se e parece descontente de viver... — Preciso vê-lo agora mesmo. Pelo janelão dos aposentos do Senhor Gaio, entrava a luz da tarde. A brisa que vinha do rio da Madeira arejava todo o espaçoso cômodo. Ao anúncio da chegada da Imperatriz Gônia com o marido, o Imperador Médium, o Senhor Gaio postou-se de pé 250H. H. Entringer Pereira com dificuldade e, fraquejando, veio ao seu encontro, abraçando-os saudoso. O coração da Imperatriz encheu-se de tristeza, seus olhos marejaram lágrimas. Diferençava bastante no semblante de quando o vira pela derradeira vez, antes de viajar. Reunindo suas derradeiras forças, o Senhor Gaio correspondeu aos abraços da Imperatriz e balbuciou trêmulo, com a voz rouca e grave: — Minha filhinha querida, minha amada rainha... Gônia, minha rainha... Minha... rai... min... E prostrou-se, desmaiando aos pés da Imperatriz que, na tentativa de ampará-lo sustentou-o por debaixo dos braços, e subitamente desapareceu o peso do Senhor Gaio, desfez-se o formato de seu corpo e, ao olhar para suas mãos, a Imperatriz segurava um maravilhoso pássaro de penas verdes brilhantes, bico encurvado, lembrando o nariz adunco do Papai Gaio. Transformara-se numa ave diferente de todas as que ela conhecia. O Senhor Gaio havia se encantado. Surpresa e enternecida, murmurou: — Meu Papai Gaio, meu Papá Gaio, fique sempre comigo! A ave subiu-lhe aos ombros e continuou falando: — Gônia, oh Gônia!... Sou eu... seu papai Gaio... Sou seu papá, seu papagaio! Apenas o Imperador e a Imperatriz presenciaram o momento daquele encantamento. Dali por diante, a todos os lugares que se dirigiam, o Papagaio os acompanhava, despertando admiração pelo seu inusitado jeito de falar, cantando e alegrando o casal imperial, como se continuasse exercendo sua honrosa e vitalícia função de arauto real. A Imperatriz tratou de reservar como vivenda para sua encantadora e estimada ave verde uma grande jaula de ouro, residência antiga de uma outra ave que muito estimara: um raro pavão cor-de-rosa, cuja morte, há alguns anos, deixou-a entristecida e consternada. A jaula ornamentada de belas flores de prata, cravejadas de pedras preciosas, com poleiro de marfim, seria então a pousada noturna a sua encantadora e falante ave verde. Todos os dias, ao cair da noite, entregava a ave falante nas mãos do Imperador Médium, solicitando: — Por favor, leve meu Papai Gaio lá para dormir! Ao anoitecer, era o Imperador Médium quem carinhosamente cumpria aquele ritual, pegando a ave encantada de plumagem verde brilhante pelos pés, conduzindo-a dos arbustos e arvoredos dos jardins do Palácio, onde passava todo o dia, até a maravilhosa jaula, atendendo ao pedido da Imperatriz. Já habituada àquela rotina, a ave falante divertia o Imperador, conversando com ele durante o percurso do jardim até sua pousada, imitando a ordem da Imperatriz: — Médium, Médium, leve o papai Gaio lá... leve o papagaio lá! O hábito de levar o Papai Gaio lá, fez com que o Imperador denominasse aquela clausura de GAIO LÁ, Gaiola.
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Nossas conquistas
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Semana agitada com a entrega do nosso container, deu muito trabalho mas no final deu tudo certo . Trabalhamos mais um espaço para o canteiro de medicinais.
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Status da Torre
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Últimos trabalhos, resultados e próximas ações da Torre da Serra
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Luminária Indígena
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Hoje mais uma vez trabalho com luminária indígena finalizado, pronto para entrega✅️🙏
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Seguimos nos projetos agora ampliando o galinheiro rumo a autônomia.
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🚨 CRISE AMBIENTAL EM MACAPÁ: Um alerta para todas as Regiões
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O Ministério Público do Amapá acaba de instaurar um inquérito civil para investigar a grave situação do aterro sanitário de Macapá. O cenário é preocupante: lixo acumulado a céu aberto, revoadas de urubus e risco real para a aviação civil. Os principais problemas identificados: Descontrole na gestão do aterro sanitário Acúmulo de resíduos sem tratamento adequado Proliferação de urubus atraídos pelo lixo exposto Impasse entre Prefeitura e empresa operadora por questões contratuais Por que isso nos afeta a todos: ✈️ Risco para a segurança aérea no aeroporto de Macapá 🌍 Impacto ambiental significativo na região 🏥 Potenciais riscos à saúde pública 📊 Reflexo da necessidade urgente de políticas eficazes de gestão de resíduos Este caso evidencia um desafio nacional: a gestão adequada de resíduos sólidos urbanos. Quantas outras cidades brasileiras enfrentam problemas similares? A solução passa por: Cumprimento rigoroso da Política Nacional de Resíduos Sólidos Parcerias público-privadas bem estruturadas Fiscalização efetiva dos órgãos competentes Investimento em tecnologias sustentáveis É fundamental que gestores públicos e empresas do setor se mobilizem para evitar que situações como esta se repitam em outras regiões do país. #MeioAmbiente #GestãoDeResiduos #Sustentabilidade #Amapá #ResponsabilidadeSocial #Saneamento
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Formação em permacultura
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Nesse final de semana tivemos o PDC (curso de formação em permacultura) aqui na Morada EKOA, na barra de Ibiraquera (Imbituba SC). Todo ano contribuo com a parte sobre permacultura e educação, falando eas minhas experiências com o Jardim 108 e com o projeto O.C.A (oficina de consciência ambiental, EEB Visconde do Rio Branco)
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URUCUMACUÃ H.H.ENTRINGER PERERIRA - LIVRO 3 CAPÍTULO 61
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O NASCIMENTO DE OUTROS PRÍNCIPES E PRINCESAS, INCLUINDO URUCUMACUÃ E KUROKURU Quando os derradeiros hóspedes do Palácio Fortaleza, remanescentes da festa de casamento, regressaram aos seus próprios reinados, o imperador, Rei Médium, e a Imperatriz, Rainha Gônia, se empenharam na administração dos interesses de seus vastos domínios, nomeando intendentes nas diversas áreas de interesse do Império do Elo Dourado. Convocaram tantos conselheiros reais quantos foram necessários, entre os que apresentavam melhor disposição de trabalho e competência para a gestão administrativa, visando restaurar a ordem e o equilíbrio, com a manutenção da paz e o contínuo progresso do colossal e recém-formado. Restabelecida a rotina no Palácio Fortaleza, o imperador, Rei Médium, pôde voltar as suas observações astrológicas, dando continuidade aos estudos e à prática dos rituais da alta Magia. Sempre que precisava se defender das incessantes interferências de bruxos e feiticeiros que agiam naqueles domínios atendendo desígnios de soberanos rivais, desdenhosos e invejosos da beleza, da exuberância e da incomparável riqueza da cidade do Elo Dourado, recorria à proficiência do Mago Natu. Devido à ausência deste, em viagem demorada para o Reino da Perfeição, interessara-se, ele mesmo, ainda mais, por desvendar os secretos e misteriosos efeitos da baixa magia manipulada pelo Bruxo Neno, que utilizara, sem qualquer escrúpulo, poderes ocultos na transformação de alguns de seus especiais convidados – um rei, duas rainhas, dois príncipes e uma princesa – em horrendas criaturas das águas: o Rei Negro Norato transformara-se na Cobra Grande (Cobra Norato); a Rainha Zomba, no peixe arara, a Pirarara; a Rainha Trapa, na Enguia (Poraquê ou Peixe-Elétrico); o Príncipe Pintado, no peixe Pintado; o Príncipe Ur, no peixe Surubim; e a Princesa Kachara, no peixe Cachara. Ainda que o objeto utilizado pelo Bruxo Neno para produzir aqueles encantamentos – a joia de camafeus da Tia Ara pertencente à Rainha Gônia – já estivesse neutralizado e desencantado, transformado pelo Mago Natu num inofensivo punhado de amendoins, preocupava-se o Imperador Médium com a possibilidade de vingança do Bruxo Neno. Ao se mudar para o reinado do Rei Mor, no Reino de Trindade, certamente ele acrescentaria outras forças ocultas aliando-se a sua mãe, a Feiticeira Zureta, apelidada de Zuzu, a Sacerdotisa das Sombras, igualmente moradora do Reinado de Trindade. Não descartaria a provável conjugação de esforços para desestabilizar a paz e a ordem do Império do Elo Dourado. O Imperador Médium, informado por seus vassalos das proezas mágicas da Sacerdotisa das Sombras, a Feiticeira Zuzu, temia suas invectivas contra seu império, porque não duvidava da probabilidade de a feiticeira lançar mão das poderosas forças magnetizadas com o encantamento do bridão de ouro que pertencera à Mula Tá do seu tio-avô, Rei Albe, o Rico. Depois dos testemunhos da Rainha Araci e do marido Rei Naldo, o Calico, do Reinado de Avilhanas, sobre os controvertidos acontecimentos decorrentes da utilização daquele bridão de fios de ouro, que se encontrava agora sob a posse da carocha, Rei Médium temia que a feiticeira continuasse usando a seu bel-prazer aquele instrumento 243H. H. Entringer Pereira para desencadear catástrofes, dizimar plantações, estragar colheitas, encantar pessoas em animais ou produzir outras feras e monstros. Havia, porém, entre as informações desencontradas, uma que carecia averiguar. Ao mesmo tempo em que circulavam comentários de que o bridão mágico permanecia sob poder e guarda da Feiticeira Zuzu, coisa que o Mago Natu confirmara e o próprio Rei Mor contara ao Bruxo Neno, também chegou-lhe aos ouvidos que o mesmo acessório encantado fora vendido pela feiticeira à Marquesa de Sonça, por boa quantidade de pedras preciosas, antes de se mudar para o Reinado de Trindade. A marquesa mantinha aquela valiosa peça mágica guardada sob chaves, no mais secreto dos secretos esconderijos de sua mansão. Segundo comentavam maliciosamente, essa seria a razão principal que levara o belíssimo e intrépido sedutor, Conde Rasku, irmão do Rei Naldo, a proclamar seu noivado durante a festa de casamento do Imperador, anunciando a intenção de esposar a não menos sedutora e voluptuosa Marquesa de Sonça, a Senhorita Pan Thera. “Haveria, então, dois bridões encantados? ”, inquietou-se Rei Médium. “Ou a Feiticeira Zuzu teria duplicado a peça, falsificando-a e vendendo a cópia? Ou teria ficado com a cópia e, inadvertidamente, vendido o original? Em que mãos estaria o objeto verdadeiro?” Esquecera-se de questionar sobre o tal dilema, assunto do qual o Mago Natu certamente lhe daria a resposta exata. Interrompendo os momentos de estudo e meditação do marido em seu claustro, Rainha Gônia adentrou a Câmara do GRAU. Afoita e um tanto ansiosa, desculpou-se pela interferência nos contatos do marido diante do Espelho Universal (EU), com quem ele se consultava sempre que algo o inquietava ou requeria solução urgente. A Imperatriz solicitou ao Imperador Rei Médium sua pedra redonda, o cabochão de diamante presenteado pelo Grande Rei. Explicou que precisava vê-lo. Antes de entregar-lhe o objeto, o marido, pegando na tal pedra de filosofar, a examinou atenciosamente, passando às mãos da mulher, observando: — Gônia, olhe bem dentro do cabochão. Consegues ver algo? — O que queres que eu veja diz respeito a mim ou a ti? — Parece com alguém que conheces? – perguntou, mostrando o semblante de uma pessoa que se apresentava no interior da cristalina pedra reluzente. Colocando o valioso cabochão brilhante na palma aberta da mão esquerda, a Imperatriz lembrou-se das recomendações do Grande Rei sobre os poderes mágicos especiais imantizados naquele coruscante diamante. Dirigiu o pensamento ao Grande Rei e viu quando se projetou no centro translúcido, em miniatura, uma pessoa acamada: — É Gaio, o meu segundo pai. Meu Papai Gaio. Parece-me que está de cama! — surpreendeu-se a Imperatriz. — Exatamente. Penso que deveremos nos ausentar do Palácio Fortaleza por uns tempos. É bom que visitemos o Palácio da Madeira. — Concordo. Estou mesmo precisando rever meu adorado palácio e sinto que meu Papai Gaio parece adoentado! A Imperatriz Gônia, saudosa de rever sua antiga Corte, manifestou ao marido o desejo de se ausentar do Palácio Fortaleza, ainda que por breve tempo. Dizendo-se, além de preocupada com o que vira no cabochão de diamante, muito saudosa de sua 244H. H. Entringer Pereira aprazível e antiga moradia, no Reinado da Madeira, lugar também encantador, onde nascera, crescera e reinara, desde a época do misterioso desaparecimento de seus pais, o Rei Ofin e a Rainha Tarope. Disposto a satisfazer-lhe os desejos para que nenhuma tristeza pudesse abatê-la, turvando-lhe a beleza, o Imperador Médium planejou de pronto a demorada viagem, reunindo e escolhendo dentre seus súditos os que iriam acompanhá-los, arrumando suprimentos nas embarcações, tudo quanto fosse necessário ao conforto e à sobrevivência da comitiva real, durante o extenso percurso pelas águas do plácido rio Aguaporé. Entre os mimos e objetos ganhados no seu casamento, um deles especialmente pelas características secretas, a Imperatriz Gônia resolvera não deixar exposto à curiosidade da criadagem: a grande caixa preta de madeira, que só o tempo haveria de abrir, quando nascessem os filhos gêmeos Urucumacuã e Kurokuru. Pediu ao Imperador que a guardasse na Câmara do GRAU, no compartimento onde a nenhum serviçal era permitido penetrar. O outro, pela afeição e ternura que lhe despertara, conseguiu que o marido providenciasse acomodação especial na embarcação para transportar: o filhote do animalzinho de pelagem branca, presenteado pelo Rei Kornio e pela Rainha Bisca: o fofo e adorável Unikórnio. Levaria consigo também seu cabochão de diamante. Antes de partirem para demorada jornada até ao Reinado da Madeira, o Imperador Médium se lembrou do pedido que lhe fizera o amigo Mago Natu: que encomendasse as duas espadas dos filhos gêmeos, cujo nascimento aconteceria dentro dos três anos. Era preciso tempo o bastante para que o habilidoso ourives e inigualável ferreiro Kalibur pudesse aprontá-las com indispensável esmero, requerido pelo Imperador Médium. Seus futuros donos e legítimos senhores, o Príncipe Urucumacuã e o Príncipe Kurokuru, certamente teriam não só as melhores, mas as mais belas espadas que o joalheiro, ourives e ferreiro já fabricara. Dirigindo-se às forjas de Kalibur, o Imperador levou uma preciosa quantidade de esmeraldas, rubis e brilhantes, além de ouro fino para modelar as empunhaduras das espadas. O metal das lâminas o próprio Kalibur providenciaria, pois a liga com que as preparava era o seu mais bem guardado e indevassável segredo. Imperador Médium detalhou sua encomenda, fazendo apenas uma recomendação: — Senhor Kalibur, deverás incrustar os rubis na espada do Príncipe Urucumacuã e as esmeraldas na do Príncipe Kurokuru. Os brilhantes nas duas, conforme teus próprios critérios, lembrando-te de que na espada do Príncipe Urucumacuã deverás insculpir o emblema do Império do Elo Dourado, acrescido de um pássaro adornado de rubis. Na espada do Príncipe Kurokuru, esse mesmo emblema, porém no lugar do pássaro, farás um sapo adornado com as esmeraldas. — De todas as encomendas que de vós recebi, Senhor Imperador, esta é a mais nobre e a mais honrosa. Permita-me, Senhor, fazer-vos um modesto e singelo comentário. Por que emblemas tão diferentes para uma e outra, se os príncipes serão gêmeos? — Senhor Kalibur, são mistérios que não nos cabe questionar. Estou vos transmitindo a ordem conforme recomendação do Mago Natu. Deste momento em 245H. H. Entringer Pereira diante, está dada a Ordem Imperial da Espada do Pássaro de Fogo e a Ordem Imperial da Espada do Sapo Verde, no Império do Elo Dourado. O Senhor Kalibur desculpou-se pela ousadia de questionar a imperial ordenação e timidamente pediu ao Imperador Médium: — Grande Imperador, Senhor do Elo Dourado, dá-me a ordem para fazer uma outra espada, para meu futuro filho? — Então também esperas por um filho? – surpreendeu-se o Imperador. — Sim – respondeu Kalibur – antes que o Mago Natu partisse, falou-me e à minha mulher que teremos um filho em breve. Seu nascimento antecederá o de vossos reais príncipes. Ele será chamado pelo nome de Guará. Será guardião e companheiro de vossos príncipes. — Tens, a partir de agora, minha autorização para confeccionar a espada. Já sabes o emblema que lhe convém? — Ainda não. Quero ouvir a ordem de Vossa Imperial vontade. — Faça-lhe a espada com o emblema de um lobo e incruste-lhe nos olhos rubis e brilhantes, com uma pedra ônix no centro. Pertencerá à Ordem Imperial da Espada do Lobo dos Olhos Vermelhos. — Assim farei, Senhor Imperador. Numa reverência respeitosa e amiga, saudou o Imperador, que também o abraçou antes de se despedir, avisando-o de que se ausentaria por algum tempo da cidade do Elo Dourado com a Imperatriz Gônia. Quando voltassem, provavelmente o menino Guará já haveria nascido. Das forjas do Senhor Kalibur, o Imperador Médium dirigiu-se às cavalariças. Levou consigo suas finas lâminas de ouro sobre pranchas de madeira e o pontiagudo estilete para anotações e o assentamento dos potros nascidos naquela semana. Inicialmente, foi à baia da égua Metida, registrando o potrinho negro já denominado Tição, registrado sob o número 171 de sua lista de corcéis nascidos naquele último ano. Conversou com o palafreneiro, que esfregava a almofaça num jovem e irrequieto corcel branco e perguntou: — Já iniciastes a doma deste corcel? — Não é tempo ainda, Senhor Imperador. Ele estará perfeito para montaria daqui uns três anos. Pretendeis que eu o faça logo? — Sim, iniciai este trabalho. Quero domados alguns dos meus melhores corcéis, para quando meus filhos puderem cavalgar, os dois melhores dentre os que já estiverem prontos serão reservados a eles. Quero também que deixes o Tição, aquele potrinho negro que nasceu na noite do meu casamento, adequadamente adestrado tão logo atinja a idade própria. Vou entregá-lo como prêmio ao vencedor da grande Corrida Numpessó, quando comemorarmos o nascimento dos príncipes Urucumacuã e Kurokuru. Recomendou ao cavalariço trato diferenciado ao único exemplar negro de sua criação de corcéis, o Tição, por isso, separado como prêmio ao ganhador da Corrida de Numpessó. Haveria ainda outras duas premiações que tencionava entregar ao primeiro e ao segundo corredores colocados. Voltou às forjas de Kalibur e fez a encomenda: 246H. H. Entringer Pereira — Senhor Kalibur, apronte-me outra encomenda. Faça-me a gentileza de forjar uma taça de ouro, cravejada de brilhantes, no formato deste copo. Assim também outro objeto, todo de prata, no formato desta bacia, só que mais funda, com uma alça em cada lado. Adorne-a com estas pequenas pérolas. Descreveu os tamanhos e os formatos dos objetos pretendidos e entregou ao Senhor Kalibur os materiais necessários para a confecção das duas peças com as quais honraria os dois melhores corredores de Numpessó, por ocasião do nascimento dos príncipes. De volta ao Palácio Fortaleza, no grande portal da ala Leste, reservada à entrada dos cavaleiros, o Imperador recebeu um aviso de seu emissário: — Saúdo-vos em Paz, Grande Imperador. Anuncio-vos uma visita que já vos aguarda no Salão de Audiências. — Quem é, dizei-me... — O Senhor Frutuoso. — Diga-lhe que não demoro a atendê-lo. Imperador Médium desmontou-se, entregou seu corcel para ser levado às baias e dirigiu-se até o salão onde o aguardava o Senhor Frutuoso. Ao ver o Imperador, o humilde súdito curvou-se e, sem direcionar os olhos ao soberano, saudou-o: — Grande Imperador Médium, Paz e Saúde vos abençoem! — Senhor Frutuoso, o que vos aflige? — Senhor Imperador, desculpe-me incomodar-vos com assunto de tão pequena importância... Mas, trata-se de algo que Vossa Realeza Imperial deve dizer-me como proceder. — Sim. Dizei-me do que se cuida. — Trago-vos este anel. Olhai-o e avaliai. Parece-vos uma joia de real valor ou apenas uma imitação de um adorno vulgar? Examinando cuidadosamente a peça, o Imperador Médium emitiu sem titubear sua avaliação: — Trata-se de finíssima e preciosa joia de grande valor. Ainda não vi brilhante mais raro e de tão avantajado quilate. De quem o adquiriste? — Senhor Imperador, esse é o meu grande dilema. Não descobri ainda de quem é, nem a quem pertence essa maravilhosa joia... — Isto quer dizer que a encontraste? — Exatamente, Senhor... — Dizei-me onde, como e quando? Senhor Frutuoso, nascido e criado na cidade do Elo Dourado, era descendente de uma tradicional família camponesa que sempre se dedicou exclusivamente a produzir variedades de frutas e verduras. Desde jovem, herdara dos pais o especial pendor para o cultivo de espécies diversas, algumas bem raras, mantendo na chácara em que morava uma extensa área plantada com fruteiras, recanto predileto dos pássaros, borboletas e abelhas. A propriedade do Senhor Frutuoso era uma espécie de paraíso particular de tão bem cuidada. Na cidade do Elo Dourado, numa singela e acolhedora construção de pedras, toda avarandada, comercializava seletas variedades do que cultivava e colhia. 247H. H. Entringer Pereira Senhor Frutuoso ficara viúvo há alguns anos, antes de ter tido filhos, na mesma época em que o pai do Rei Médium, Rei Pay, também enviuvara. Acostumara-se tão rápido à viuvez que não mais intencionara casar-se. Vivia exclusivamente dedicado à lida do pomar, na qualidade de homem simples, mas trabalhador, honrado e virtuoso, pelo que granjeava a distinta consideração de toda a nobreza e dos demais moradores do reinado. Por suas qualidades, tinha livre acesso ao Palácio Fortaleza, que mantinha sempre farto e bem provido de todas as delícias que cultivava. O Imperador, por isso, o tratava com requintes de fidalgo. Sua frutaria era frequentada pela alta corte do Elo Dourado e, amiúde, transformava-se em ponto de encontro não só dos nobres, mas também dos populares, que desfrutavam aprazíveis momentos, conversando e saboreando os frutos doces e suculentos dos cultivares do Senhor Frutuoso. À pergunta do Imperador, o Senhor Frutuoso respondeu: — Senhor Imperador, como sabeis, passam pelo meu comércio nobres e súditos não só deste como também de outros reinos que nos visitam. Recebo em estabelecimento desde a Vossa imperial pessoa até o vosso mais humilde serviçal. Logo após a festa de vosso casamento, que a nenhuma outra se poderá comparar, muitos de vossos convidados honraram-me com suas presenças. Depois que quase todos se foram, fiz uma grande conferência nas minhas bancas de frutas, para contar as unidades vendidas e as restantes nas cestas, para calcular meu lucro correspondente às moedas de ouro que recebi. Quando concluía o procedimento, limpando uma das bancas que praticamente estava com os cestos vazios, deparei-me com este precioso anel deixado no fundo de uma delas. Fiquei receoso de sair indagando diretamente aos vossos súditos, ou mesmo aos vossos nobres convidados, a quem deles pertenceria, porque receei que qualquer que não fosse o dono legítimo se passasse por tal, tentando enganar-me. — Estais certo, Senhor Frutuoso... É evidente que tão valiosa peça pertença a um rei, uma rainha ou algum fidalgo da Corte. — Decerto, Senhor Imperador. Este é o motivo que me traz até vós. Quero saber se algum dentre os vossos convidados notificou a perda desta preciosidade. E, também, solicito vossa orientação quanto ao que devo fazer com este valiosíssimo objeto. Tenho comigo que deverei entregá-lo a vós para que fique honrosamente depositado e em segurança, até que seu verdadeiro dono o reclame. — Senhor Frutuoso, muito me alegra vossa conduta fiel e honrada. Todavia, o mais digno depositário desta joia sois vós. Fique com ela e a guarde em sigilo para que malfeitores não venham saber que tens sob vosso poder objeto tão precioso. Espere até que seu dono o reclame. Dentro de algum tempo, haverá a festa de nascimento dos meus filhos e, certamente, os mesmos convidados estarão por aqui, novamente. Assim, poderás devolver o anel pessoalmente, ao legítimo proprietário. Não indagues a ninguém mais sobre este achado. Falastes com alguém mais a respeito deste anel? — Não propriamente, Senhor Imperador. Lembro-me, no entanto, de que no momento em que o resgatei dentre as frutas, havia um dos vossos convidados, um dos derradeiros a retirar-se naquela tarde da frutaria. Sinto que ele percebeu quando o peguei no fundo da cesta e o coloquei no cofre... 248H. H. Entringer Pereira — Tinha aquela pessoa aparência de nobre ou ares de fidalgo? Vós o conheceis? — Sim, estava ele momentos antes em companhia do Rei Mor, da Rainha Sissu e de um príncipe cujo nome não me lembro... Depois que os outros três saíram... o Bruxo Neno... sim, era ele mesmo, o Bruxo Neno, demorou-se mais um pouco, escolhendo algumas outras frutas para comê-las durante a viagem de mudança para o Reinado de Trindade, segundo me confidenciou... Não perguntei a ele se o anel lhe pertencia, porque não é o tipo de joia que um bruxo poderia ter, nem tampouco haveria de ser do Rei Mor, da Rainha Sissu ou do príncipe porque nenhum deles circulou nas proximidades da cesta em que o anel foi deixado. — Senhor Frutuoso, não temo que o Bruxo Neno seja motivado a molestá-lo para se apoderar do anel, mas receio que comente o acontecido com pessoas de seu relacionamento, pouco ou nada escrupulosas, na intenção de fazer-se de importante e conhecedor de segredos no intuito de angariar fama e credibilidade. Este me parece o verdadeiro perigo. — Neste caso, ficai com o anel, Senhor Imperador! É mais seguro para mim e estarei a salvo de quaisquer contratempos. — Parece-me razoável, Senhor Frutuoso, a vossa proposta. Mas estou para me ausentar por uma temporada da cidade do Elo Dourado. Estando o dono do anel ainda por aqui, certamente virá procurá-lo nos mesmos lugares por onde passeou. Ficará mais fácil reencontrá-lo se estiver convosco. Fique com a joia. Também estará segura sob sua guarda. Senhor Frutuoso, com a posse do magnífico anel de brilhante autorizada pelo Imperador, despediu-se respeitosa e reverentemente, augurando ao Imperador Médium feliz viagem em companhia de sua adorável Imperatriz Gônia. Entregou uma cesta repleta das mais saborosas ameixas e apetitosos pêssegos, preferências da Imperatriz, colhidos especialmente no alvorecer.
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Melhores momentos do mutirão de 27/07/25
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Cenas do nosso mutirão na Torre do último domingo, com direito a uma postagem bem carinhosa da Lilian: https://www.instagram.com/p/DMoaqBzuhg6/
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Novos integrantes, logo estarão manejando a agrofloresta.
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Prevenção e combate a insendio
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Iniciamos o terceiro módulo de formação de brigadistas. Da nossa briogada popular florestal.
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Luminária Indígena
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Hoje foi mais um dia de trabalho com luminária, Meu pai trabalhando🍃
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